16 novembro, 2005

Ser Mulher em Lisboa


Quem sonhou com igualdade
Depois do 25 de Abril?
Hoje em dia, e com esta idade
Continuo a dizer: não é verdade,
E que a Mulher tem um fado vil!

Muita coisa pode ter melhorado
Podemos votar e trabalhar,
Mas será que isto é compensado:
Que por também termos ordenado
Os deveres em casa são a partilhar?

É claro que não está tudo igual,
Mas a semelhança é impressionante!
E não se pense que isto é habitual
Só nas aldeias: Sim! na Capital!
Que parece tão moderna e elegante.

Pois é cá que se fazem decretos e leis
Que são encobertas e ignoradas...
Mas afinal, não seremos um pouco culpadas?
Pois permitimos que eles sejam reis
E senhores em cada decisão tomada.

Ai como é difícil ser mulher!
Sermos tão fortes e decididas,
Mas limitarmos as nossas vidas
Aquilo que um homem quer,
Como se fôssemos crianças perdidas!

Assim é, por preconceito,
Ou quem sabe, por amor,
Abstemo-nos do nosso direito,
Deixando pra eles o proveito,
E o gozo de se impor.

Sabemo-nos desenrascadas e corajosas,
Eficazes e independentes,
E sem dúvida, inteligentes!
Não somos, como eles, orgulhosas
Nem convencidas, decididamente.

Mas mesmo com tantas capacidades,
Sabendo lidar com qualquer situação,
Preferimos não divulgar as verdades
E deixá-los com algumas vaidades,
Enfim, permitimos a sua protecção.

Eles são emocionalmente infantis
Fazem a nossa vida infernal,
Mas só querem proteger-nos do mal.
E nós, discretas e subtis,
Aceitamo-los com ternura maternal.

1 Comments:

At 16 maio, 2011 00:06, Anonymous Anónimo said...

Espectacular, Ana!! Nunca tinha lido este teu poema. Adorei =). Bjs ** Caty

 

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